20.5.11

CARTA MANIFESTO

Carta Manifesto da Marcha das Vadias de Rio de Janeiro – Por que marchamos?

No Rio de Janeiro, marchamos porque apenas nos primeiros três meses desse ano foram 1.246 casos registrados de mulheres e meninas estupradas, uma média de quatorze mulheres e meninas estupradas por dia, e sabemos que ainda há várias mulheres e meninas abusadas cujos casos desconhecemos; marchamos porque muitas de nós dependemos do precário sistema de transporte público do Rio de Janeiro, que nos obriga a andar longas distâncias sem qualquer segurança ou iluminação para proteger as várias mulheres e meninas que são violentadas ao longo desses caminhos; marchamos porque foi preciso a criação de vagões femininos no trem e no metrô para que não fossemos sexualmente assediadas durante o uso desses transportes.

No Brasil, marchamos porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano, e mesmo assim nossa sociedade acha graça quando um humorista faz piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço; marchamos porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e consumo dos homens; marchamos porque vivemos em uma cultura patriarcal que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher, nos dividindo em “santas” e “putas”, e muitas mulheres que denunciam estupro são acusadas de terem procurado a violência pela forma como se comportam ou pela forma como estavam vestidas; marchamos porque a mesma sociedade que explora a publicização de nossos corpos voltada ao prazer masculino se escandaliza quando mostramos o seio em público para amamentar nossas filhas e filhos; marchamos porque durante séculos as mulheres negras escravizadas foram estupradas pelos senhores, porque hoje empregadas domésticas são estupradas pelos patrões e porque todas as mulheres, de todas as idades e classes sociais, sofreram ou sofrerão algum tipo de violência ao longo da vida, seja simbólica, psicológica, física ou sexual.

No mundo, marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos estupradas, quando são os homens que deveriam ser ensinados a não estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual; marchamos porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram permissão para fazê-lo, e todas choramos porque sentimos que não podemos fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente. Mas podemos.

Já fomos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas de vadias porque transamos antes do casamento, já fomos chamadas de vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas, já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro enquanto estávamos inconscientes, por um ou vários homens ao mesmo tempo, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e curradas durante a Ditadura Militar. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias apenas porque somos MULHERES.

Mas, hoje, marchamos para dizer que não aceitaremos palavras e ações utilizadas para nos agredir enquanto mulheres. Se, na nossa sociedade machista, algumas são consideradas vadias, TODAS NÓS SOMOS VADIAS. E somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida, à nossa sexualidade e aos nossos corpos.

Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque tiveram seus corpos invadidos, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua dignidade destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e marcharemos até que todas sejamos livres.
Somos todas as mulheres do mundo! Mães, filhas, avós, putas, santas, vadias…todas merecemos respeito!

19.5.11

7ª edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero

PARTICIPEM!!!


O concurso premia redações e artigos científicos dos estudantes de ensino médio; estudantes de graduação; graduados, especialistas, estudantes de Mestrado; Mestres e estudantes de Doutorado. para fomentar melhor a perspectiva de gênero no meio educacional, em 2009 foi criado um prêmio especial para as escolas de nível médio: Escola Promotora da Igualdade. As inscrições terão início no 1º de junho e se encerrão no dia 16 de setembro de 2011. Outras informações: www.igualdadedegenero.cnpq.br

24.1.11

Convocatória ZONA OCULTA

COR DE ROSA CHOQUE
DE 26 de MARÇO A 01 DE ABRIL DE 2011
inauguração: dia 26 de março 2011, sábado as 17hs
local: rua Camerino, 51, centro, Rio de Janeiro, Brasil

O ZONA OCULTA realizado desde 2004, anualmente, no CEDIM – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher para este ano, convida todos os artistas (de ambos os sexos) para uma participação especial no Projeto COR DE ROSA CHOQUE. O evento acontecerá entre os dias 26/03 e 01/04 de 2011 no Espaço Cultural CEDIM HELONEIDA STUDART à Rua Camerino, 51, Centro do Rio de Janeiro.

Este ano, Zona Oculta propõe uma abordagem diferenciada para a ocupação deste Espaço Cultural, onde o conjunto das obras formará uma grande instalação ou uma obra maior que chamaremos de COR DE ROSA CHOQUE.

Nosso objetivo é fazer com que os artistas, na diversidade de suas linguagens e na contemporaneidade do pensamento, criem uma obra maior que fale do gênero mulher.

As obras ocuparão os jardins e deverão seguir os seguintes parâmetros:
1) Todas as obras deverão conter algum elemento em sua composição na cor de rosa choque.
2) Técnica livre podendo ser bi ou tridimensionais.
3) Utilizar como suporte objetos do cotidiano da mulher
4) Medida máxima de 60 cm
5) Peso máximo de 2 kg

Serão bem-vindas performances, intervenções verbais, sonoras etc.

A Montagem será feita pela equipe do evento nos dias 24 e 25 de março de 2011.

Prazo de entrega: 21, 22 e 23 de março, segunda, terça e quarta de 2011 das 11 as 17 hs.

A confirmação deverá ser enviada até o dia 15 de fevereiro de 2011, para o e-mail: lucia.avancini@gmail.com, com ficha de inscrição abaixo prenchida:
Nome artístico, técnica, e-mail e telefone.

Todos os artistas que confirmarem participação terão seus nomes vastamente divulgados em convite virtual, logo é de extrema importância a sua confirmação.

Será um prazer contar com a presença de todos em mais esta edição.
COORDENAÇÃO: Helena Wassersten, Lúcia Avancini e Marilou Winograd
www.zonaoculta.com.br

28.12.10

Nós do Laboratório de Estudos de Gênero desejamos a tod@s
que 2011 seja o ano da boa luta e da cri-ação!